Lavar o fado
mcarvas, 17.11.08
Era uma casa amarela
escondida entre o arvorêdo
toda cheia de enrêdo
porticos, com janelas em vela!
Tinha um jardim bem tratado
pedrinhas rondavam os canteiros
dois bancos sob o pinheiro
e um baloiço pendurado.
Voava nele uma moçoila
com o cabelo esguedelhado
coberto de um tom dourado
cavalgando em sua cêla.
Soltava prozas ao vento
que soprava leve aragem
nem bulia a folhagem
não fosse perder o momento!
Que edílico quadro
perdido entre dois montes
gotejam folhas, jorram fontes
para lavar este meu fado.
MC