Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

EM VERDADE VOS DIGO

Recanto do pensamento

EM VERDADE VOS DIGO

Recanto do pensamento

Precipício

mcarvas, 10.06.09


Abram-se barreiras à frenre
montem-se das mais fortes
que façam frente a esta sorte
tão dura e grosso porte!

Não hája ponto de origem
que ouse zurzir quem o note
nem mais ceda à passagem.

Soltem a fúria com vigor
desdenhando estar presente
p'ra não mais alguém tente
lavrar em vida o ardor!...

Que seja tolhido do tempo
das heras da maldicência
purguem da terra a essência
que acorda o desalento.

Sangrem toda a palavra
que envolva sentimento
não mais gerar tal elemento
seja nesta ou noutra hera.

MC

 

Espaço

mcarvas, 04.06.09


Numa lágrima caída
colhi a côr da dôr
pediu-me ela com fervor
que a não deixasse perdida.

Alheeia de seu fermento
pousando-a bem junto à pêle
para lavar fel e mel
desse seu chão lamacento.

Os dias foram passando
e a lágrima secando
secando com ela o pranto
lágrima do pensamento.

Contos em côro partiram
deixando um espaço vazio
é um lugar tão exíguo
onde não teme que o sigam...

Secou por dentro e por fora
no curto verão da vida
perdeu encejo na partida
não mais almeja a chegada!...

MC

 

Pingente

mcarvas, 05.01.09


Um fiosinho de chuva
que não chegou ao chão
acorda gentil paixão
ao vêr tão doce escultura

Que suave está o campo
de um linho tão macio
mesmo fazendo frio
a neve preenche o vazio.

Quam limpido está o dia
e, o pingente ali formado
com um ar imaculado
anda à solta a magia.

O frio que endurece os corpos
suaviza também a memória
enchendo o dia de glória
que desperta os sentidos.

Paira no ar uma leveza
que cobre todo o campo
de um branco tão sereno
explendeor da natureza.

MC

 

Vestiu-se de luar

mcarvas, 05.11.08


A noite vestiu-se de luar
saíu nua pela rua
pousou sua mão nua
n'um riacho a palpitar!

Espelhou seu ar de amante
nas àguas do acreditar
não mais parou de pensar
em aventuras distantes...

Olhou p'ras estrelas, sorriu
e uma estrela velhinha
pensando que luz já não tinha
novos caminhos abriu.

E um manto de luz cobriu
os quatro pontos cardeais
não se ouviu nem mais um ai
e o dia de novo surgiu.

MC

 

Berço

mcarvas, 05.11.08


Certo dia um caracol
em seu passo miudinho
trajava um casaquinho
que fazia rir o sol!

Sem se deixar esmorecer
seguia por um carreiro
que o levaria ao terreiro
ao leito que o viu nascer.

Na capaça
um chapelete
que viu sua mãe tecer
que até na cabeça caber
lhe punha um ramalhete.

Envolto em seu pensamento
lá seguia seu caminho
sempre bem devagarinho
sempre tão lentamente.

MC

 

Cesário

mcarvas, 22.10.08


Do alto do campanário
vi montes, vi fontes
até a velhinha ponte
onde cantava o Cesário.

Seu nome ficou Cesário
por seu cantar miudínho
mas era só um passarinho
muito altivo, um canário.

Eriçava a plumagem
empoleirado n'um galho
cantar, o seu trabalho
escondido na folhagem.

Quando o sol espreitava
saltava logo p'ra ponte
mesmo ao lado tinha a fonte
onde também se banhava!

Harmonia de lugar
um lugar encantado
que sem sombra de pecado
a todos dava um lar.

MC

 

Ao passar

mcarvas, 22.10.08


Ao passar n'um cumieiro
parei! Mirei a paisagem
Barrou-me uma leve aragem
querendo chegar primeiro.

Pairava no ar um odor
sublime em sua leveza
fruto da natureza
impregnado de flores.

A primavera em seu explendor
desabrocha na ribeira
faz florir a cerejeira
rebentam os montes de côr.

Em todo canto espreita vida
os sons são de alegria
anda tudo em correria
é chegada nova vida.

É nesta harmonia
que faz pulsar a vida
que ela se torna aguerrida
carregada de euforia.

MC

 

Teu sorriso

mcarvas, 14.10.08

Teu sorriso


Uma rosa te darei
alvitando teus preceitos
teus gestos e teus defeitos
a todos eu honrarei.

Espero de ti um sinal
ou mesmo um ténue sorriso
vêr-te é meu paraíso
um esperançoso final.

Teu sorriso agarrei ontem
vindo do alto céu
quando uma estrela me deu
novas tuas do além.

E nesse momento orei
a essa estrela cadente
ter-te deixado em minha mente
por ti, meu bem eu chorei.

Com as lágrimas lavei
o rosto aquela estrela
de tantas, é a mais bela
e em meu peito a guardei!...

MC

 

Na ponta de uma caneta

mcarvas, 14.10.08


Em seu mundo á meia noite
ouvem-se vozes doridas
gritos de almas feridas
que o mais vil mortal não os sente.

São choros, são lamentos
transformados em castigos!
Açoites de um testigo
tempestades de tormentos.

Que põe no papel o poeta
para que toda a gente
saiba o que ele sente
por não atingir sua meta.

O poeta está louco!
Já o dizia o povo
lá está ele de novo
nem se sentia à pouco!...

A noite é como uma seta
sua alma uma pena
espelha sua vida terrena
na ponta de uma caneta.

MC