Acordou um dia o povo
a ver nascer o Abril
sem saber que era ardil
logo amassou o renovo...
Nesse dia tão funesto
engalanou-se de rosa
do cravo, não mais que prosa
resquíssios do pensamento!
No jugo que lhe cravaram
tres prêgos se sobressaiem
Ajuda, Belém e São Bento
p'ra ninguém ter o intento
de fugir ao julgamento.
Somam-se leis numa arena
de interesses alterneiros
que os sirva por inteiro
mesmo banidos da cena!...
Nos corredores de S. Bento
a ganância vai de pé
que o povo perdeu a fé
e a praga nunca vem só!
Em Belém, é já um facto
arrolha-se forte a quermesse
rebuscam fuçando benesses
e fausto seja seu prato.
Em leilão rolam os cargos
para honrar o compadrio
pois é já num redopio
que se partilham os tachos.
A honra morreu solteira
lá p'rá Ajuda alternadeira
que sob tanta abestinência
não mais cai da cadeira...
Honrarias, mais que muitas
engalanados de prôsa
pois que entre a seta e a rosa
lambuza-se tanto agiota!
P'ra deixar a coisa certa
à centros e trapos vermelhos
soltos ao vento, qual espelho
saltam juntos p'rá colecta!...
Peito inchado qual pavões
nessa tal de coisa pública
é so por mais uma rúbrica
e p'ró bolso uns milhões...
Quando algo há para assumir
a culpa morre solteira
é vê-los de qualquer maneira
por onde calha fugir.
Sucumbe de novo o povo
pela cobiça de alguns
pois pudor não têm nenhum
e o velho vinga de novo!
Triste a sina desse povo
ao se julgar de cuidado
sem sequer olhar p'ró lado
volta a elegê-los de novo.
Honram-no pois com o chicote
não vá andar à deriva
e para manter a coisa viva
aos comensais, o lingote!...
MC