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EM VERDADE VOS DIGO

Recanto do pensamento

EM VERDADE VOS DIGO

Recanto do pensamento

INSANO

mcarvas, 03.08.12

Se soubesse dizer-to

Se  podesses entender

O que navega em meu peito

Se quizesses tu, abri-lo!

Verias que nele polulam

Milhentos, os arco-íris

Lírios, rosas de mil côres

Uma vastidão de textos

Prosas em mais de mil tons

Ideais de pensamentos!

Só de os não veres esmorecem

De os não sentires adoecem

Transformam-se enfim!...

 

Neste nada...

Em que se afoga meu peito.

 

MC

LEMBRANÇAS

mcarvas, 03.08.12

As ondas que se levantam

Trazendo ventos de esperança

Quiçá, tempos de rica bonança

Em todo que é velho suplantam.

 

Cavalgam em suas cristas

Avantajadas esperanças

Crispam-se em brigas e rixas

Das mais íngremes já viatas.

 

Nesse sal, se purga a alma

Numa salmoura à deriva

Nesses prados sem guarída

Trópega, se enrola na espuma.

 

Oh saudosos madrigais

Que de côr tudo pulsava

Sublime trova ladrava

no cêrco dos vendavais.

 

Que os sois brilhantes de outrora

Sejam engolidos nas trevas

Com suas fortes prêsas

Rasguem o depois, o agora!...

 

MC

Cinzas

mcarvas, 30.05.11


Surreal a luz que brota
por entre gemidos já cumpridos
sonhos antigos perdidos
novas vénais de desfeita.

O vão triste e soturno
feito de palha e de cinzas
perdeu-se em divas e ninfas
num ciclo pobre, sem sono.

Lampejam caminhos desfeitos
do outrora virtuoso
com riso largo e jucoso
velados por cinzas de despeito.

Tropego o dia nascido
que em míngua se acomodou
e é nesta volta da roda
que o nada de tudo é traçado.

Cantares, leva-os um sopro
por essas palhas ardidas
pousam olhares desvaridos
na dança funesta de um logro!...

MC

Enfim

mcarvas, 30.05.11


Pendiam tranças douradas
num crepúsculo permiçoso
e um luar ocioso
já aspirava madrugadas.

Olulam névoas soturnas
com um manto malfadado
filhas de dotes prendados
medram em seu seio vaidades!

Lentamente vai crescendo
vestindo-se em escuridão
é um negro de paixão...
que cresce, cresce, morrendo.

De janelas em cascata
galga sucalcos perdidos
é nesse manto empedernido
que a força do vigor se esgota.

Brotam grinaldas num todo
consumindo a meia luz
membros já prenhes de puz
ceifam lamúrais a rodos.

Nessa paixão de sentidos
onde engorda a madrugada
rebola su pança inchada
cheia de filhos gentios!...

MC


 

Olhares

mcarvas, 14.12.10

Inglório sentido do texto 

que invoca coisa louca

mas a fé é já tão pouca

sob uma réstia de encanto.

 

No bolúcio que se adensa

contornos há sinuosos

ardilosos, são testigos

de quem os intenta na avensa.

 

Vil é o ardor que expelem

de intrigas e conjuras

repastam-se os ímpios nas juras

espojam justos nas purgas!...

 

Azuis, verdes castanhos

ou pretos mui denegridos

são tantos os escolhidos

e muitos mais esquecidos.

 

A luz como compassso

e um traço a dar mote

mesmo que já não se note

marca sempre o mesmo passo.

 

Mas esses castanhos,

leais que de os ver solta-se um ai

onde toda a força cai

por tantos,tantos, muitos mais.

 

MC

Amigo rasteiro

mcarvas, 22.07.10

Sobe a encosta e a serra

essa luz que é um encanto

brilho de prata e de pranto

afagando nova era.

 

A serra com seus precalços

planta velhos degraus

que sob a força de um pau

crava no breu novos traços.

 

Sulcos profundos e esguios

que somados já são muitos

ardilosos quanto astutos

tornam o trilho inseguro.

 

Larga um pio a cotovia

soltando a gula do mocho

que do meio do restrolho

seu piar ele já seguia!

 

No trilho saltita um rato

desafiando o perigo

por força desse labrego

o mocho já forra o papo.

 

Agachada a cotovia

seu peito bate mui forte

pois dessa força de galope

de novo vai ver o dia.

 

O seu amigo rasteiro

não foi tanta a sua sorte

mesmo sendo tão forte

era tão menos ligeiro.

 

MC

Alegoria

mcarvas, 20.07.10

Cumpre o preceito da roda

da roda que agora estala

no nó do gôto se entala

a roda que enrola a vida.

 

Dias se alongam no tempo

consomem-se em cinzas por dentro

víl ardor que sulca o ventre

quan longo, curto, sedento!

 

Na alegoria de um caprixo

repulsa de um sonho na têmpora

rola por dentro e por fora

que o viver é vil caprixo.

 

O querer perdeu no dono

lá p'rás bandas do sei lá

não mais repousa por cá

quedou-se perdido no sonho.

 

Entôa baixo um refrão

que urge fazer seu caminho

tão ténue, tão baixinho

um sopro, sorriso, perdão!...

 

Rebentam as ondas do tempo

no paredão da agonia

que enquanto a vida fugia

secava em espuma por dentro.

 

Corre farta em míngua solta

num corrimão de anteparas

porquê? Não sei nada para

essa ruga tão afoita.

 

Solta-se enfim o cordame

que ampara o sol poente

por mais que pulse ou intente

brilha murcho a quem o clame.

 

Solta a prôa suas garras

acolhendo vento a jusante

rasgando sulcos a levante

gravando em carne as amarras!...

 

MC

Área

mcarvas, 26.05.10


Some-te inglório sentido
que soltas vento quando passas
esse vento da desgraça
que da lama foi erguido.

Chafurdas tu em vida alheia
lavrando só o gentio
que de amores não reza um pio
na pujança de um rendeiro.

E as vagas de vagalumes
em seus castelos de cartas
nessas paragens são a nata
da sociedade de lama.

Proclamas dúbio sentido
com nefasta altercação
que nem na longínqua constelação
ousaria ser convertido.

Nos receios da concórdia
expeles joio pela venta
para atiçar a contenda
p´ra semear a discórdia.

Que vás por essas paragens
e nos carreiros te desnudem
que não te sobre penugem
nem retorno na viagem.

Que os ares que aqui deixas-te
se possam pois desvanecer
que o verde volte a crescer
sobre o jugo que largas-te.

Sigam-te silvas em magotes
e rasguem tudo que possam
as dores contigo socumbam
sobre o peso do archote.

Arre!...

MC

VERTIGEM

mcarvas, 03.03.10



Vertigem de um pensamento insano
Que cruza as têmporas em crescendo
Vai pulsando, vai amadurecendo
plantando mácula e dano.

Fervilham pontos de luz
Que aquecem e congeminam
Logo toda a mente dominam
É um martírio essa cruz!…

Um sopro de alento rebusca
Bem no centro de seu ímpeto
Tomando o meio por pleno
Que os ideais logo ofusca.

Seu um todo ou em parte
Sussurra tão forte, presenteia
Tomando para si a plateia

Com lantejoulas galanteia
A tudo toma em cadeia
Largando por fim sua sorte.

MC

 

Triste fado

mcarvas, 13.12.09


Irrompe um broto valente
e sua adaga bramia
no bafo que lhe fugia
silvo, soltava a serpente!

A massa amorfa rolava
a cada passada jogada
que a pedra da calçada
ao peso da besta vergava.

Das ventas que eram de ontem
quiçá..., da semana passada
escorriam sobras da contenda
por um escárnio de desdém.

Acólitos, pregadores do queixume
tresmalhavam-se pelas franjas
engalfinhados nas sombras
soltando fagulhas de lume.

Estas ódes de um Deus só
prenhes de impasse e fastio
não ousam pois,pisar o meio
e a podridão não vai só!...

Inflamados..., são os olhares
ao vêr desfilar tanta besta
que das vidas que lhes resta
consomem-se, e a seus pares.

Desfilam no tempo passado
num impasse, sem futuro
que os cravos desse chão duro
são manchas de triste fado.

MC