Não mais cravos ou rosas
Não mais incúria de mente
Não mais este viver temente
Não mais este jardim de prosas.
A ruína de um canteiro
Qual jardim encantado
Ensombrado, malfadado
Por este, vulgo mensageiro.
Decano das esplanadas
Mestre em artes circenses
A plebe de tão decadente
Joga-lhe coutos de emboscada!
Logo a prol sai a terreiro
Vincados na alta faiança
Rogando encher de dança
E terem um olho certeiro...
Carregam setas e centros
E cacos por todo o lado
Que este povo enrascado
Não sabe ler os letreiros.
É um arrastar de pandilhas
No palácio das cadeiras
Já são tantas as candeias
Para alumiar mareais!
Do pêso de seus alforges
Já o jumento resmunga
E logo o Prior excomunga
Os passos tortos do Borges.
Mas o ogre esbaforido
Salta a cerca do consórcio
Impelido por doce ócio
Crava-lhe farpas destemido.
Os malandros mais a monte
De branco e trapos vermelhos
Que tão prenhes de jumentos
Largam-lhe coros em mote.
Mas em suas necessidades
O curro de maltrapilhos
Envoltos nos espartilhos
Logo difundem vaidades.
O cerco, já vai no adro
E os faustos foçam no odre
Que já nem o cheiro a podre
Os expele do agrado.
Mais a jusante, lindos muros!
Todos pintados de rosa
Onde alguns colhem à grosa
E são paridos tantos burros.
Da canalha, já tem medo
E nos canteiros se esconde
Pois já não sabe para onde
Nem se o dia se faz cedo.
Nesse pensar permanente
De só as reformas papar
Há que mais uma mamar
Quando ficar pendente.
Saltam-lhe as falas pausadas
Das olheiras do encharcado
Que roga pragas de enfado
Às previsões malfadadas.
Logo o puto da lambreta
Na sua ciência exacta
Foça, escava desbarata
Sem nem sujar a gravata.
Larga enredos à toa
E lamúrias desmedidas
Vê-as tão breve detidas
Em seu A-8, com proa.
Mas eis que chega, altivo
O courato d'além mar
A passo, com falta de ar
P'ra mais um dia festivo.
Saltam-lhe ideias à frente
Sem as ousar arrolar
Logo se põe a ladrar
Nas bestas que lhe dão o mote.
O pequenito do frio
Que chegou teso e rijo
Sem qualquer prejuízo
Corre já solto, sem freio.
Com sua testa de jazigo
E ideias de arriba
Só lhe cresce a barriga
Já para fora do abrigo.
A relva, cresce a reboque
Nos planos de equivalências
São tantas as valências
Que os cursos saltam ao toque.
Por percalço da mente
Os agora aqui esquecidos
Não fiquem pões esbaforidos
Serão lembrados certamente.
Estas hostes de um deus só
Que pandilham na finança
Lambuzam, enchem a pança
E a praga nunca vem só!...
MC