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EM VERDADE VOS DIGO

Recanto do pensamento

EM VERDADE VOS DIGO

Recanto do pensamento

ESPERANTO

mcarvas, 03.04.13

Que cachos tão engraçados

De um sublime traçado

Que compoêm teu penteado

Num singelo enlaçado.

 

As cores que os transportam

Eleiam coros divinos

Quam puros e cristalinos

Que mil invejas, te auguram.

 

As ruas, pasmam de espanto

Ao te sentirem passar

E teu passo de embalar

As faz sibilar em esperanto!

 

Tingem-se em frutos de mel 

Para olvidares teus caminho

E um aroma de azevinho

Dá-lhes um tom em pastel.

 

Alongam-se de mansinho

Ao te sentirem passar

Transpira nas outra, um pasmar

 

E num rancor de ancorar

Ouve-se forte crepitar

Num rangido miudinho!...

 

MC

MAR D'ÀGUA

mcarvas, 26.03.13

Medram hostes, do nada

Vertidas em campos rosados

Tolhem, todos os prados

Sortes estas, malfadadas.

 

 

Senti-te baixinho a orar

Chorando, bem junto a mim

E num crepitar sem fim

Teus olhos a marear!

 

O mar d'àgua se esbateu

E logo o sol despontou

De fulgor, tudo tomou

Quando em ti se deitou.

 

Honraria, te seja feita

 Sem desdém ou preconceito

Vingue forte em teu peito

A liça de tua desfeita.

 

Campina, de olhos tristes

Carregas em ti forte peso

Essa cruz de arremesso

Cavalgando tempo agreste!

 

Voa bem alto franzina

De roupagem colorida

Seja a luz, tua guarida

Num mar de despedida.

 

MC

CONDESSA

mcarvas, 19.03.13

Condessa, Condessa mia

Que trazes na alcofa escondida?

Serão frutos de pele despedida

Que na alcova tua Aia fia?

 

Diz-me Condessa, de teus ais...

Quantos soltas por passada?

Pois teus passos enlaçados

Soltam nos Pajens muitos mais!

 

Teus olhos senhora, de cor de amendoa

São luzes deste lugar

O sol mero luar

E seus raios, em ti entoa.

 

Senhora, raio de luz

Que espelhas todo o condado

Sempre que passa no adro

A noite se verga à cruz.

 

Diz-me Condessa singela

Que trajes esses te tecem

Pois mais de aia parecem

 

Sempre que estás à janela

Sorris límpida, sem desdém

Mesmo para alguém sem vintém!

 

Diz-me pois, cara Senhora

Que medos te medram no peito

E te tomam de trejeito?

 

Que as nuvens se adensem a eito

Gravando em si teu feito

E lavem teus medos, agora.

 

MC

 

CULTO

mcarvas, 13.03.13

Não mais cravos ou rosas

Não mais incúria de mente

Não mais este viver temente

Não mais este jardim de prosas.

 

A ruína de um canteiro 

Qual jardim encantado

Ensombrado, malfadado

Por este, vulgo mensageiro.

 

Decano das esplanadas

Mestre em artes circenses

A plebe de tão decadente

Joga-lhe coutos de emboscada!

 

Logo a prol sai a terreiro

Vincados na alta faiança

Rogando encher de dança

E terem um olho certeiro...

 

Carregam setas e centros

E cacos por todo o lado

Que este povo enrascado

Não sabe ler os letreiros.

 

É um arrastar de pandilhas

No palácio das cadeiras

Já são tantas as candeias

Para alumiar mareais!

 

Do pêso de seus alforges

Já o jumento resmunga

E logo o Prior excomunga

Os passos tortos do Borges.

 

Mas o ogre esbaforido

Salta a cerca do consórcio

Impelido por doce ócio

Crava-lhe farpas destemido.

 

Os malandros mais a monte

De branco e trapos vermelhos

Que tão prenhes de jumentos

Largam-lhe coros em mote.

 

Mas em suas necessidades

O curro de maltrapilhos

Envoltos nos espartilhos

Logo difundem vaidades.

 

O cerco, já vai no adro

E os faustos foçam no odre

Que já nem o cheiro a podre

Os expele do agrado.

 

Mais a jusante, lindos muros!

Todos pintados de rosa

Onde alguns colhem à grosa

E são paridos tantos burros.

 

Da canalha, já tem medo

E nos canteiros se esconde

Pois já não sabe para onde

Nem se o dia se faz cedo.

 

Nesse pensar permanente

De só as reformas papar

Há que mais uma mamar

Quando ficar pendente.

 

Saltam-lhe as falas pausadas

Das olheiras do encharcado

Que roga pragas de enfado

Às previsões malfadadas.

 

Logo o puto da lambreta

Na sua ciência exacta

Foça, escava desbarata

Sem nem sujar a gravata.

 

Larga enredos à toa

E lamúrias desmedidas

Vê-as tão breve detidas

Em seu A-8, com proa.

 

Mas eis que chega, altivo

O courato d'além mar

A passo, com falta de ar

P'ra mais um dia festivo.

 

Saltam-lhe ideias à frente

Sem as ousar arrolar

Logo se põe a ladrar

Nas bestas que lhe dão o mote.

 

O pequenito do frio

Que chegou teso e rijo

Sem qualquer prejuízo

Corre já solto, sem freio.

 

Com sua testa de jazigo

E ideias de arriba

Só lhe cresce a barriga

Já para fora do abrigo.

 

A relva, cresce a reboque

Nos planos de equivalências

São tantas as valências

Que os cursos saltam ao toque.

 

Por percalço da mente

Os agora aqui esquecidos

Não fiquem pões esbaforidos

Serão lembrados certamente.

 

Estas hostes de um deus só

Que pandilham na finança

Lambuzam, enchem a pança

E a praga nunca vem só!...

 

MC

Caldo de fruta

mcarvas, 01.03.13

Banana, feijão e pinga

Goiaba ananás e manga

Maracujá e jinguba

Mandioca, pilão e fuba

Tudo esta terra tem

Até a planta do dém-dém

E do maluvo também.

Tem pau de bordão

Para tocar a percussão

E até com árvore do mamão

de faz um violão!

Um bom prato de funge

Com quiabo e paca assada

Gindungo bem assanhado

Para temperar o guisado

Mas se ficar à rasquinha

Bebe uma cuca fresquinha

Muita mais fruta tem

Até da morena também

Mas não vamos falar de isso

Senão perde-se o juízo.

Tem flor de sabugueiro

Para fazer um fumeiro

E sem qualquer complicação

Trata da constipação.

Se passarem no carneiro

Bem atrás do hospital

Tem pitanga bem docinha

Argila muito branquinha

Que trata de qualquer mal!

Se noutras terras tem mais

No Negage tem demais

E vamos parar por agora

E deixar p'ra outra hora!...

 

MC

FORJAS

mcarvas, 26.02.13

Canta-lo é enternece-lo

Envolve-lo pois, de mansinho

vesti-lo sim, de azevinho

É não mais querer esquece-lo!

 

O manto que cobre a aurora

cavalga ventos do norte

Uiva nos vales tão forte

Fedendo por dentro e por fora...

 

Trémula a luz serpenteia

Por entre folhados escondidos

quiçá, veledas perdidas

Neste cosmo que enxameia.

 

Despi-lo pois dessas franjas

Que de tão,... em si se alongam

tão vastas são que prolongam

A rudeza destas forjas!

 

Malham o passado, presente

Num grito forte, tão escuro

Senti-lo, é já tão duro

Que o tempo se apaga ausente.

 

MC

INSANO

mcarvas, 03.08.12

Se soubesse dizer-to

Se  podesses entender

O que navega em meu peito

Se quizesses tu, abri-lo!

Verias que nele polulam

Milhentos, os arco-íris

Lírios, rosas de mil côres

Uma vastidão de textos

Prosas em mais de mil tons

Ideais de pensamentos!

Só de os não veres esmorecem

De os não sentires adoecem

Transformam-se enfim!...

 

Neste nada...

Em que se afoga meu peito.

 

MC

VERTIGEM

mcarvas, 03.03.10



Vertigem de um pensamento insano
Que cruza as têmporas em crescendo
Vai pulsando, vai amadurecendo
plantando mácula e dano.

Fervilham pontos de luz
Que aquecem e congeminam
Logo toda a mente dominam
É um martírio essa cruz!…

Um sopro de alento rebusca
Bem no centro de seu ímpeto
Tomando o meio por pleno
Que os ideais logo ofusca.

Seu um todo ou em parte
Sussurra tão forte, presenteia
Tomando para si a plateia

Com lantejoulas galanteia
A tudo toma em cadeia
Largando por fim sua sorte.

MC

 

Nascer

mcarvas, 13.12.09


Sorriu virado p'ro sol
tentando agarrar o mundo
mas o dia ficou mudo
ao ve-lo murcho, tão só!

No beirar corre ligeiro
ganhando força e coragem
confunde-se,entre a folhagem
no alto de seu poleiro.

Pequenino,bate as azas
sussurra-lhe a brisa ligeira
que ao vê-lo chegar-se à beira
logo,tão breve o agarra!

De mansinho o eleva
amparando-o em seu vôo
que até a aragem lhe soa
ao ninho que o amparava.

Partem juntos no momento
direitos ao sol nascente
não tem passado que o tente....
nova vida dá-lhe alento!

Rebola, bem alto na nuvem
que o veio aconchegar
está a aprender a voar
e a nuvem, com ele também!...

MC